Tibicina quadrisignata (Hagen, 1855)

    © Gravação feita por JAQuartau
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Foto 1: Tibicina quadrisignata, Serra de S. Mamede, 25 de Julho de 1990 (fot. J.A. Quartau).
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Foto 2. Tibicina quadrisignata, Alvarrões, 03 de Julho de 1990 (foto J.A.Quartau).
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Foto 3.Tibicina quadrisignata, Alvarrões, 30 de Junho de 2010 (foto J.A.Quartau).
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Cigarra relativamente grande, compacta, que aparece a cantar em fins de Junho e começa a desaparecer em Agosto, antes de outras espécies como a cigarra comum (Cicada orni), que, em em algumas localidades, ainda está ativa acusticamente em Outubro.

Distribuição- T. quadrisignata é relativamente rara, só tendo sido coletada no Alto Alentejo (área de Castelo de Vide – Portalegre) e na Beira Alta (Serra da Malcata).

Ecologia- Em bosque abertos e associada a castanheiros (Castanea sativa), estevas-do-ládano (Cistus ladanifer), oliveiras (Olea europaea), carvalho-negral (Quercus pyrenaica) e pinheiro bravo (Pinus pinaster). No meu trabalho de campo, encontrei-a maioritariamente em castanheiros e estevas, como em Alvarrões e perto da Portagem (Marvão), e mais raramente nas restantes plantas atrás referidas. Para além desta área (Serra de S. Mamede), que tenho visitado ao longo dos anos, foi citada também para a Serra da Malcata. Presumo que também possa ocorrer no norte do país, em zonas mais do interior com bosques de castanheiros e também do carvalho-negral.

Notas - É uma cigarra muito tímida, que se cala mal sente alguém aproximar-se, e localizá-la e observá-la em “close-up” é um verdadeiro desafio. O sinal acústico é muito semelhante ao de uma outra espécie do mesmo género (Tibicina garricola), mas como estas duas espécies ocupam habitats bem distintos, as suas distribuições aparentemente não se sobrepõem, i.e., ocorrem em alopatria (Quartau et al., 2001). Em estudos de análise espetrográfica (Quartau & Simões, 2003), T. quadrisignata usa uma banda com frequências um pouco mais baixas do que T. garricola (respetivamente 3 - 15 kHz, com valor energético máximo de 8,34 kHz em quadrisignata e 5 - 13kHz, com valor energético máximo 9,48 kHz em garricola), se bem que os espetros se sobreponham largamente. Por outro lado, ao nível da estrutura da genitália masculina existem, porém, diferenças significativas, factos que nos sugerem que em cigarras terão ocorrido dois padrões distintos de divergência específica: (i) cigarras, como no género Tettigettalna e em outros, onde uma bem distinta divergência acústica foi atingida com muito fraca diferenciação morfológica, mesmo ao nível da genitália; e (ii) cigarras como é o caso de Tibicina, onde se deu o oposto, i.e., clara diferenciação morfológica com uma divergência acústica meramente subtil.

Quartau, J.A., Simões, P.C., Rebelo, M.T. & André, G. (2001). On two species of the genus Tibicina Amyot, 1847 (Hemiptera, Cicadoidea) in Portugal, with one new record. Arquivos do Museu Bocage, Nova Série, vol. III (15): 401-412

Quartau, J.A. & Simões, P.C. 2003. Bioacoustic and morphological differentiation in two allopatric species of the genus Tibicina Amyot (Hemiptera, Cicadoidea) in Portugal.Deutsche Entomologische Zeitschrift, 50 (1): 113-119.